Já me senti tão cansada que ler uma página de um livro era quase impossível. Já me senti tão cansada que a minha rotina matinal de anos era feita em esforço. Já me senti tão sobrecarregada mentalmente que me perdia várias vezes no caminho de casa ao trabalho. Já senti que, quando tudo isto é verdade, menos é efetivamente mais. E é tão fácil esquecer isso.
Sendo o burnout e a saúde mental temas que me são próximos, por experiência e formação, uma abordagem simplificada ao bem-estar faz-me muito mais sentido hoje. Quem se sente esgotado, física e/ou mentalmente, sem energia ou motivação sequer para fazer tarefas rotineiras, não vai querer ouvir dizer que tem de criar uma nova rotina ou acrescentar os passos X, Y ou Z ao seu dia. Por muito que saiba que lhe faz bem.
Quando vejo sugestões de rotina das 5H da manhã e os milagres que faz, ou nas meditações de meia hora para iniciantes, mil e uma atividades de relaxamento que nos fariam tão bem, os livros que temos de ler e páginas que devemos seguir…fico cansada. Tu não? Já experimentei, em momentos diferentes e tudo ao mesmo tempo. Não durou muito.
Não nego de todo os muitos benefícios de todas essas práticas e rotinas, muitos deles cientificamente provados e explicados. Contudo, se estamos cansados e sem energia, o corpo a precisar abrandar e a mente de um destralhanço…tudo isso vai ser um esforço que podemos não estar dispostos a fazer no momento ou um que não vai ser sustentável.
No meu processo de recuperação, aprendi que para reconstruir, primeiro é preciso destruir. Sim, em vez de acrescentares passos à tua rotina, retiras os que estão a mais. Porque para perceberes o que te acrescenta valor e traz equilíbrio é preciso criar espaço…muito espaço.
Não imaginas o alívio que senti, na altura, quando me aconselharam a rever a minha agenda e lista de afazeres e…apagar tudo! Por uns tempos, deixar mesmo só o essencial. A minha primeira reação foi “Como??”. Mas por mais impossível que pudesse parecer (para um ser cronicamente atarefado e de agenda a explodir pelas costuras), fi-lo. E foi revelador. O mundo não acabou, a vida dos outros à minha volta continuou e a leveza que trouxe foi impagável.
Se nos sentimos já assoberbados, trazer mais, um mais que provavelmente vai apenas durar uns dias e ser esquecido nos restantes, só nos fará sentir culpa, a sensação de que falhamos e cavar mais um pouco o nosso buraco. Mas não tem de assim ser.
Reduzir o número de compromissos oferecendo menos vezes o tempo que não temos. Procurar clareza sobre as nossas reais prioridades e planear de forma gentil. Dar passos pequenos, mas intencionais. Destralhar as nossas casas, agendas, mente. A importância do nos conhecermos melhor, da conexão que praticamos, das manhãs lentas, do sonhar acordada. Não tudo ao mesmo tempo! Um passo de cada vez, ao nosso ritmo, muita compaixão.
E que jornada tem sido!
Mesmo nas práticas de yoga e sessões que facilito tento ter também presente este conceito. Porque é possível criar práticas completas e de impacto com menos ruído. E por ruído não me refiro a barulho (apenas), mas, principalmente, a sequências complexas e exigentes ou que o próprio vir para a prática seja desafiante. A sala está pronta com tudo o que precisam e, para mim, a presença é já o seu maior passo.
Deixo-te aqui algumas afirmações que me ajudaram e ajudam em momentos mais complicados. “Complicados” pode ou não ser um eufemismo. Por favor, encara estas dicas como ideias que são, porque o que serve para mim pode não servir para ti.
Os mantras que uso e que te deixo aqui hoje:
Dou um passo de cada vez.
Estou presente naquilo que faço.
Quando permito que algo novo entre nos meus dias, deixo ir…
Parar, reenergizar, para poder continuar.
Agenda cheia não é dia cheio.
Pedir ajuda não é fraqueza, é um ato de coragem.
Espero que estas frases te inspirem, tal como a mim, a exerceres mais compaixão contigo, a exigires menos de ti ou que apenas te tragam um pouco do encorajamento que possas precisar para abraçar o “menos” que é tão “mais”.
Uma linda semana para ti.
Com carinho,
Si
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